sábado, 16 de janeiro de 2010

Bom dia, hipócritas

Por Jullian.

Todo ano acontecem desastres, naturais ou não, e o mundo inteiro entra numa super corrente do bem para poder ajudar aqueles que sofreram, um belo ato de amor e caridade por parte das nações desse mundo, ou devo dizer, é uma bela atuação de amor e caridade?

Vamos pegar o triste e recente caso do Haiti, onde ocorreu um terremoto de proporções catastróficas e que é considerado o pior desastre da história da Terra, bom, se esquecermos o terremoto por um segundo e olharmos somente pro país, o que vamos ver? Miséria, fome, crises, blablabla. O importante não é isso e sim a pergunta, se o país, no bom português,  sempre viveu na bosta porquê ninguém nunca parou e falou “olha, mundo, vamos ajudar esse país pobre que precisa de ajuda”?

Se não fosse pelo terremoto o Haiti continuaria na merda e ninguém iria dar a mínima importância pra isso (excluindo casos óbvios), vamos ser realistas, vivemos num mundo hipócrita e egoísta, e você caro leitor, sabe disso e provavelmente também nem ligava pro Haiti até que virou manchete de tudo que é jornal e da Rede Globo.


A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou, mais tarde, a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.

Wikipedia

A citação da nossa querida wikipedia é só para criar uma ideia em sua cabeça, caso não tenha parado pra pensar nisso, e se não parou, pare agora e olhe para as suas (possíveis) atitudes e encare a realidade, eu, você e eles não nos importamos que exista alguém vivendo na miséria desde que estejamos bem na vida, porque diabos o mundo inteiro para quando acontece alguma desgraça? Desde quando desgraça é uma chamada para as pessoas sentirem pena uma das outras e perceberem que o mundo é cruel?

Vamos pegar outro exemplo, Isabella Nardoni, exemplo um pouco mais velho, jogaram a garota da janela e no mês seguinte estavam todos super antenados no caso, sabendo tudo o que aconteceu e a raiva tomou conta do país “mataram a garota, os culpados devem morrer” ok, eu concordo que foi um crime terrível, mas chegou uma hora que não aguentava mais ver as pessoas se fazendo de urubus em cima disso e esquecendo que existem milhares de crianças que são vandalizadas e mortas por ano, e pense mais, se a família da Isabella morasse num barraco, você acha mesmo que a globo iria fazer aquela super cobertura?

A nossa sociedade, o nosso mundo, como disse antes, são hipócritas e egoístas, urubus voando alto esperando alguma tragédia acontecer pra ir voando pegar uma lasquinha daquilo, ajudar com todo tipo de mantimento que existe e ter a cara de pau de chegar e dizer “olha, nós ajudamos, somos legais” e a população se faz de cega e acredita nos caras, sendo que durante todo o resto do tempo, nós estamos apenas preocupados com nós mesmos, alimentendo nosso egoísmo, com pensamentos que nem imaginamos ser pura hiprocrisia.

Leitor, abra os olhos, não se deixe levar por sorrisos bonitos, já que muitas vezes, é isso que aqueles que estão no topo, querem.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Organizar, nomear e catalogar suas músicas



Sou um pequeno maníaco por organização. Gosto das coisas devidamente catalogadas, nomeadas, padronizadas e alocadas. Se eu não tivesse amor pelo meu estômago acho que faria Biblioteconomia, deve ser um curso interessante. Trabalhar numa biblioteca deve ser legal. Apesar de não ter muitas coisas pra organizar (queria ter coleções de DVDs, CDs, livros e jogos, mas sou pobrinho ainda), eu me viro com o que eu posso. Algumas coisas eu tenho preguiça de organizar - como minhas imagens ou meus joguinhos de PlayStation - mas não surge disposição suficiente. Um dos grandes problemas da organização é esse: você já tem tudo lá, bagunçado, e tem muita preguiça de parar pra ajeitar tudo. O certo portanto é começar a ordenar desde o primeiro item adquirido, ou antes do caos se formar.

Mas uma coisa eu tenho uma quantidade considerável e mantenho tudo organizado: minhas músicas digitais. Através de diretórios e tags ID3 deixo minhas mp3 numa organização que considero bem decente e prática. E como possuo certa aversão à desorganização de mp3, resolvi fazer esse post explanando um pouco meus métodos e dando outras sugestões.

Começarei dissertando sobre a localização dos arquivos. Organizo minhas músicas nas pastas da seguinte forma:

Pasta principal\Artista\Ano - Álbum\Faixa Música.mp3

Ou exemplificando:

Minhas músicas\Aerosmith\1975 - Toys In The Attic\ 04 Walk This Way.mp3

Eu estou levando em conta que você é daquelas pessoas que aprecia álbuns inteiros ao invés de músicas aleatórias. Se só tem músicas soltas, eu as renomearia como Artista - Música e jogaria numa pasta. É o que eu faço com as minhas músicas aleatórias.

É uma organização bem simples e eficiente. Como 'pasta principal' eu uso a própria pasta Minhas músicas do Windows. Existem vários estilos de nomear as músicas em si, como "Faixa - Título", "Artista - Faixa - Título" e outros tantos mais deselegantes. Eu gosto do meu estilo pois contém toda a informação que você precisa sobre a música. Para saber o artista, álbum ou ano, basta ver o caminho do arquivo.

Isso já cobre 90% dos casos das suas músicas. Porém nem tudo é assim. Como organizar álbuns duplos, triplos ou demais? Simples:

Pasta principal\Artista\Ano - Álbum\Disc #\Faixa Música.mp3

Minhas músicas\Foo Fighters\2005 - In Your Honor\Disc 1\ 01 In Your Honor.mp3
Minhas músicas\Foo Fighters\2005 - In Your Honor\Disc 2\ 01 Still.mp3

Existem outros métodos, como por exemplo jogar tudo em uma mesma pasta e escrever o número do disco à frente do nome do arquivo, onde no exemplo acima teríamos 101 In Your Honor.mp3 e 201 Still.mp3, mas eu particularmente não gosto desse estilo.

Algumas bandas tem excesso de criatividade ou vontade de ganhar dinheiro e lançam mais de um álbum por ano. Muitos creio que deixam nomeados normalmente, deixando organizarem-se aleatoriamente, por ordem alfabética. Porém eu prezo pela organização cronológica em todos os casos. Como proceder então?

Pasta principal\Artista\Ano(a) - Álbum\
Pasta principal\Artista\Ano(b) - Álbum\


Minhas músicas\Creedence Clearwater Revival\1969a - Bayou Country\
Minhas músicas\Creedence Clearwater Revival\1969b - Green River\
Minhas músicas\Creedence Clearwater Revival\1969c - Willy and the Poor Boys\


Simplesmente colocando uma letrinha logo após o nome do álbum você os deixa organizados pela ordem cronológica e continua bonito. Claro que, para saber a ordem do lançamento, você precisa fazer uma pequena pesquisa. Mas nada que a Wikipedia não resolva rapidamente para você.

Existem mais alguns casos raros, que fica difícil falar um a um. Mas prevalece o bom senso em geral. Um dos casos recorrentes são CDs com disco bônus, geralmente lançados muitos anos depois. Nesse caso eu crio uma pasta dentro do álbum normal para esse bônus:

Minhas músicas\Bon Jovi\1995 - These Days\1996 - These Days (Bonus CD)\
Minhas músicas\Def Leppard\1983 - Pyromania\Deluxe Edition Bonus CD\
Minhas músicas\REM\1984 - Reckoning\Live at the Aragon Ballroom\


Como pode ver, são casos isolados e não é fácil adotar um padrão.

Alguns problemas podem ocorrer ao nomear as músicas, pois caracteres recorrentes como ? e / não são aceitos em nomes de arquivos. Nesses casos eu substituo o caracter por um traço. Underlines também são válidos. (apesar de que eu deveria usar somente um para ficar padronizado)

Minhas músicas\Foo Fighters\2007 - Echoes, Silence, Patience & Grace\ 03 Erase-Replace.mp3
Minhas músicas\Mr. Big\1996 - Hey Man\ 06 Where Do I Fit In_.mp3


Como visto ali em cima, minha pasta do R.E.M. se chama REM e não R.E.M. Isso é porque, por algum motivo, o Windows não aceita pontos no final do nome das pastas. Eu tenho um certo pavor ao ver siglas escritas com pontos no meio e sem ponto no final. Assim, acho mais decente nomear bandas como R.E.M. e W.A.S.P. para REM E WASP. O problema é que dependendo das suas outras bandas, a ordem alfabética pode ser prejudicada. (por exemplo, Ratt viria antes de R.E.M. - nesse caso REM)

Além de nomear meus arquivinhos, eu também gosto de ilustrá-los. Ou seja, coloco uma imagem na pasta de cada artista, e a capa do álbum na pasta de cada um. Eu como sou desocupado e tenho um certo gosto por isso, faço um por um na mão, mas se você quiser algo automatizado, o Windows Media Player coloca a capa dos álbuns para você. Por padrão ele faz isso automaticamente, mas você pode também clicar com o botão direito e ir em Localizar Informações sobre o Álbum. Mas eu não gosto disso porque ele coloca aqueles milhões de arquivos na pasta (AlbumArt.jpg, AlbumArtSmall.jpg, etc), que por algum motivo viram arquivos ocultos e protegidos do sistema (???), e são um saco pra mexer. Portanto, desativo essa opção. (Ferramentas -> Opções -> Biblioteca -> desmarque "Recuperar informações adicionais da Internet")

Enfim, basta por a imagem com o nome Folder.jpg dentro da pasta do artista/álbum para ilustrá-la.


Aqui encerro a primeira parte desse "guia", relacionada a arquivos. Agora passo a falar das tais tags, que são talvez a maior dificuldade que as pessoas tem na hora de organizar seus arquivos. As que tentam.


Como você pode ver pela imagem acima, eu dependo grandemente da beleza das tags no meu Winamp, para ter uma playlist bonitinha assim. E se até aqui fizemos tudo na mão, agora teremos a ajuda de um programinha. Aliás, para mostrar o nome das músicas nesse estilo no formato, vá em Preferences (Ctrl+P) -> Titles -> marque a caixa Use advanced title formatting when possible, e no espaço abaixo cole [%artist% -] %year% - %album% - %track% - $if2(%title%,$filepart(%filename%)) (você vai precisar adicionar todas suas músicas novamente na playlist para elas mudarem seu título)

Eu já testei alguns programas de tag, mas o que eu uso atualmente e me parece ser quase definitivo é o Mp3tag.

Mas antes, falarei um pouco sobre as tags em si. Nos arquivos mp3 existem metadados (dados que falam de dados - nesse caso texto falando sobre áudio) chamados ID3. De início, as mp3 não possuiam nenhum tipo de informação sobre o áudio delas. Até que em 1996 foi criado o ID3v1 por alguém chamado Eric Kemp. Era um negócio pra ter metadados sobre ROMs de NES, que adaptaram para as mp3. A tag ID3v1 possui 128 bytes, começando com 3 bytes para escrever TAG sendo que título, artista, álbum e comentário possuiam 30 bytes cada, 4 bytes para o ano e 1 byte para identificar o gênero (de uma lista pré-definida). Some tudo aí pra ver se fecha a conta, espertão. Em 97 um cidadão chamado Michael Mutschler tirou dois bytes do comentário e os fez armazenar a número da faixa - esse é o ID3v1.1.

Em 1998 foi criado o ID3v2, que nada tem a ver com o ID3v1. Esse já é mais complexo de explicar, mas basicamente é mais decente, não impondo os limites de caracteres como o ID3v1, e contendo muito mais campos para informações.

"Tá cara, e eu com esse papo de bytes e o diabo aí, não entendi nada, como vejo as paradas". Para visualizar as tags há inúmeros meios, como por exemplo Winamp e Windows Explorer, como pode ser visto abaixo.


No Winamp você pode ver as tags apertando alt+3 ou botão direito -> View file info... No Windows Explorer, botão direito -> Propriedades. Como você pode ver, os próprios citados são também editores de tags, pois você pode ir ali e mudar. Para só mexer em uma tagzinha de uma mp3, nada mais fácil do que no próprio player ir ali e mexer. Mas não são editores em massa. O Winamp mais recente possui um feature que faz isso, mas não gosto de usar pois não é muito confiável.

Então, para editarmos nossas tags usaremos o Mp3tag. Essa é a cara dele:


Como você pode ver pela imagem, a ID3v2 possui inúmeros campos para serem preenchidos, mas basicamente apenas cinco são fundamentais: artista, álbum, título, faixa e ano. As outras tags, por mais que você preencha, dificilmente vai ver ou utilizar. A maioria dos bancos de dados possui basicamente apenas esses termos. Alguns outros também informam o compositor das músicas, o que eu acho bem legal, principalmente para ser visto no Windows Media Player.


O iTunes sempre coloca os compositores nas tags quando ripa um CD para mp3, então se for fazer isso recomendo usar o programa da maçã.

Enfim, voltando ao programa. O objetivo aqui é: deixar todas as mp3 como o nome padrão (no meu caso, Faixa Título.mp3), e com as cinco tags básicas corretas. Ao nomear um álbum inteiro, três tags são comuns a todas as faixas e você pode até mesmo digitá-las diretamente, que são Artista, Álbum e Ano. Pela imagem do programa acima você já deve ter deduzido como inserir esses dados nos arquivos. Basta arrastar os arquivos para o programa, selecioná-los e então editar os dados ali do lado. Então vá em Arquivo -> Salvar, ou clique no disquetinho, ou aperte ctrl+S, enfim. Esses dados você geralmente já possui, e até nas mp3 que vem com as piores tags possíveis, você deve saber isso de algum lugar. Mas lembre-se: sempre que faltar alguma informação, a Wikipedia tá aí pra isso. Existem bancos de dados especializados em música, como o MusicBrainz.

Até aí tudo fácil, mas o que realmente "complica" (na verdade é simples, apenas não é tão trivial) é na hora de nomear os arquivos ou os títulos e faixas. Verei primeiro o caso em que nas tags os títulos estão certinhos, mas os nomes dos arquivos zoados.

Antes de tudo, vá em Ferramentas -> Assistente para auto-numeração e marque a opção Zeros antes dos números das faixas (01, 02, ...) para os números ficarem mais bonitos (como pode ver na playlist lá em cima).

O que se deve fazer nesse caso é passar os dados das tags para a música. Para isso, vá em Converter -> Tag - Nome do arquivo, ou alt+1. Então digite ali %track% %title%, que nome caso renomeará o arquivo no nosso formato de Faixa Título.mp3. Para nomear ao seu gosto, basta digitar os códigos de acordo, usando os símbolos %track% para faixa, %title% para título, %album% para álbum, %artist% para artista e %year% para ano. Acostume-se com essas nomenclaturas. Logo abaixo da caixa de escrever, é mostrado como ficará o nome do arquivo. A imagem abaixo exemplifica vários modelos.


O segundo caso é quando você tem alguns dados no nome do arquivo, mas não tem tags. São vários e vários modelos que você pode encontrar por aí, mas o princípio é o mesmo. Farei um exemplo genérico e a partir disso você pode ser capaz de se adaptar a qual que for seu caso. Usarei como exemplo esse nome de arquivo (e subentendendo-se de que se trata de um álbum inteiro nesse formato):

MWHAHAHA_-_BON_JOVI_-_01_-_I_BELIEVE_-_ESTOU_ZOANDO_SUA_TAG.MP3

Realmente, parece ser um caso complicado. Os nomes estão todos feios, em maiúsculas, estão divididos por underlines ao invés de espaços, além de ter palavras que não me interessam. Então vamos aos poucos. Primeiro, selecionamos os arquivos e colocamos os dados que já sabemos e não temos no nome do arquivo. Nesse caso, sabemos - por alguma fonte, nome da pasta, Wikipedia, etc - que o álbum se chama Keep The Faith e é de 1992. Escrevemos ali do lado, nos respectivos campos, e salvamos.

Agora vamos ajeitar esse nome do arquivo antes de torná-lo utilizável. Vamos usar aqui a opção Converter -> Ações, ou alt+5. Selecione a opção Case conversion, que vai tirar os caps locks, e a opção Standart, que vai eliminar os underlines. Como isso passamos a ter um nome bem mais prático:

Mwhahaha - Bon Jovi - 01 - I Believe - Estou Zoando Sua Tag.mp3

Agora basta ir em Converter -> Nome do arquivo - tag e utilizar seus dados. Nesse caso, temos aqui na tag o nome do artista (apesar que poderia ter sido digitado diretamente ali do lado), a faixa e o título. O princípio aqui é o mesmo da nomeação tag->arquivo, basta nos adaptarmos ao que se tem.


Agora é só ir em Tag - Nome do arquivo e deixar o nome certo. E com isso, dos seus arquivos nomeados por alguém bêbado, você tem tudo bonitinho. Caso você não tenha absolutamente nenhum dado sobre o seu CD, utilize alguma fonte (menu Fonte) para pesquisar nos bancos de dados e encontrar seus arquivos.

Como isso encerro esse pequeno tutorial sobre como nomear suas músicas. Pode parecer complicado e trabalhoso (e coisa de fresco), mas no máximo fica cansativo quando você tem muita coisa para arrumar. Como já disse, existem casos e casos quando se mexe muito com isso - o que quis dar foi um empurrão inicial para que cada um crie sua autonomia no assunto. Uma outra grande utilidade de ter suas tags corretas é colaborar para um Last.fm mais bonito. Sinto convulsões internas quando vejo pessoas scrobblando coisas totalmente erradas, ou vejo coisas como essa (Always é do Bon Jovi e não do JBJ, pqp). Felizmente eles implantaram um sistema que corrige uma parte dessas besteiras. Enfim, espero que seja de utilidade para alguém, e qualquer dúvida estamos aí.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O (muito) bom e (nem tão) velho mIRC

Só uma observação antes de começar: sei bem que IRC e mIRC são coisas diferentes, mas para efeitos de praticidade usarei apenas o termo mIRC.

Ao ler o título desse post, 70% dos leitores fecharão a página/irão pro próximo post/irão pro post do furúnculo/dormirão ao ler a palavra 'mIRC', 20% devem continuar apenas por curiosidade mas logo largarão, 8% irão até o final por não terem nada melhor pra fazer, 1% são pessoas que já usam mIRC e portanto concordam com o texto, 0,6% são agentes do FBI que não encontrarão nenhuma ameaça à segurança nacional e portanto ignorarão, e 0,4% são pessoas que não usam mIRC, quiçá nunca usaram, mas que talvez criem algum interesse após ler.

Uso o mIRC desde meados de 2002. Estamos em 2010. É, faz tempo. Quando comecei a usar o mIRC a internerd era diferente: a conexão dial-up predominava (banda larga era um sonho distaaaante) com seus milhões de discadores que ofertavam milagres de velocidade, sendo que não mudava nada, navegava-se usando Internet Explorer 5, navegador do AOL (e todos aqueles CDs que se multiplicavam sabe-se lá como!) e Netscape, grandes downloads eram inimagináveis (sem contar que não existiam rapidshits nem torrents), não existiam (ou não eram populares) orkuts, facebooks, youtubes, wikipedias, nada. Era comum ter e-mail do BOL ou Zipmail. Ainda se faziam buscas no Cadê?. E pra se comunicar? Chats do UOL e Terra eram um dos pontos de encontro, e o ICQ predominava nas mensagens instantâneas.

E existia o mIRC. mIRC é o mais famoso cliente de IRC - um protocolo de chat online -, criado em 1995 por um jordaniano (?) chamado Khaled Mardam-Bey. O mIRC é um programa onde você conecta em uma rede e então entra em um ou mais canais e conversa. Pode também conversar somente com uma pessoa, através do PVT (de private).

E naqueles meados de 2002, o mIRC era deveras popular. A rede brasileira mais popular que existiu, a (infelizmente) falecida BrasNET atingiu picos de 60 mil usuários simultâneos por volta de 2003. Era bem mais que os já citados chats UOL e Terra. Pessoas baixavam o mIRC por curiosidade ou indicação, fuçavam os trocentos canais nas redes brasileiras e assim eram felizes. Mas por diversos motivos (como você pode ler no site da BrasNET), o IRC no Brasil minguou e hoje é uma ferramenta cultuada por meia dúzia de nerds espalhados por essas terras, sendo que não existe mais nenhuma rede de grande porte genuinamente brasileira.

Enfim, a era mágica do mIRC no Brasil acabou, dificilmente voltará e hoje é difícil conhecer pessoas do nada por lá. Basicamente alguém baixa o programa porque foi indicado por um amigo, e entra em algum canal específico e por lá fica.

Enfim, um dos motivos dessa decadência foi a popularização do então MSN Messenger, hoje Windows Live Messenger (não que alguém chame por esse nome, veja bem). Venho falar de algo muito batido entre os fãs de mIRC: sua superioridade em relação ao MSN e equivalentes.

"AAAAH MAS NO TAL MIRQUI NÃO ENTRA MEUS MIGUXOS NEM AS GATAS PRA EU XAVECAR VOU PARAR DE LER ISSO AFF". Ok cara, eu sei. Tanto por isso que ninguém usa só o mIRC para se comunicar na internerds - isso certamente acontecia antigamente, mas é inviável hoje. E um dos principais motivos é a diferença entre o mIRC e o MSN: enquanto o primeiro não é um programa user-friendly (mas pode ser, com alguns scripts - já chego lá), o segundo te pega na mão pra atravessar a rua.
Qual usar?

Além disso, hoje em dia o WLM já vem pré-instalado com o Windows e as pessoas já nascem sabendo essas coisas. Já no mIRC você precisa digitar um comando para conectar, um para mudar de nick, outro para entrar num canal... Dependendo do canal que entre você ainda se depara com uma salada de cores na tela e fica meio sem ação.

Então o motivo basicamente é esse: o MSN é todo bonitinho, já se tornou básico e todos sabem mexer - o que não leva muito tempo para aprender - enquanto o mIRC exige certo conhecimento (leva um tempo considerável para decorar "/server irc.server.net" e "/join #canal").

A principal e esmagadora vantagem do mIRC em relação ao MSN ou formas demais de comunicação é que é um chat em grupo. O chat em grupo do MSN é uma desgraça e isso é um fato. Tem que ficar juntando as pessoas, se tiver inatividade as pessoas começam a sair. Você começa a ser incluído em milhões de papos quer não tá afim. Quer um papinho reservado com algumas pessoas? Só chamar todos para um canal à parte. Quer conversar especificamente com uma pessoa? Só clicar duas vezes no nick dela.

Outra vantagem é a transferência de arquivos. Enquanto no MSN você só pode mandar o arquivo e torcer para nenhum problema ocorrer na conexão, no mIRC você faz DCCs (direct client-to-client) que podem ser pausados e continuados, vê a velocidade da transferência, etc. E geralmente em velocidade maior. (ok, apesar que hoje em dia, dependendo da configuração da conexão - routers, hubs, etc - muitos têm problemas para enviar arquivos). Sem falar nos fileservers em canais espalhados pelo mundo - principalmente de animes e otakuzices em geral - que são muito mais decentes que downloads por http ou torrent.

Você certamente conhece o MSN Plus. Várias novidades, como cores, comandos pra fazer coisas, negrito e itálico. Muitas dessas coisas não passam de um plugin de mIRC (e nesse caso me refiro mesmo ao mIRC) para o MSN: os códigos de cores (ctrl+k 0~15) e negrito são ripados direto do mIRC. (se você colar uma mensagem colorida do mIRC no MSN Plus, ela aparece idêntica) Usar comandos iniciados com / para fazer frases prontas e outras coisas? Nada mais estilo mIRC possível...

Um dos maiores features do mIRC é que ele possui sua própria linguagem de programação. Isso permite inúmeras possibilidades. Talvez justamente desse fato de o mIRC ser algo mais próximo do baixo nível em termos de programação que assusta os usuários iniciantes e que aproxima tanto as pessoas de programas bonitinhos com o WLM.

Dia comum no mIRC.

E com essa linguagem são produzidos programas que recebem até outro nome - são os chamados scripts. Existiram vários na história do mIRC brasileiro, mas hoje não creio que exista algum ainda em desenvolvimento. Mas era divertido o tempo onde havia até rivalidades e discussões entre usuários de CyberScript, Scoop, Full Throttle, Cebolinha, etc... Enfim, esses programas já não são tão difíceis para os iniciantes de usar como o mIRC puro (o sem frescurites, que você baixa em mirc.com), e é o recomendado pra quem quer se iniciar. Porém atualmente também existem vários webircs, que te permitem entrar em canais direto do site. O mais famoso é o Mibbit. Para a nossa (#schizo) rede, é possível entrar direto do site oficial. Para quem usa o Firefox, o plugin ChatZilla é um cliente bem simpático.

Não existe nenhuma mega corporação por trás do mIRC. Não tem Google ou Microsoft. São apenas pessoas comuns, dispostas a um único fim: conversar. E olha que é estranho eu falar disso, pois não sou um exemplo de conversador. Mas posso garantir que lá já passei alguns dos momentos mais engraçados, reflexivos, felizes e estranhos da minha simples existência.

Então, que tal dar uma chance para esse programa old but gold? Comece por /server irc.irchighway.net e /join #schizo :)

domingo, 3 de janeiro de 2010

THE BEST THE BEST THE BEST of 00's

THE BEST THE BEST THE BEST

Por Apoka.


Organizar um ranking de músicas favoritas é um troço complicado. Complicadíssimo, para dizer a verdade. Porém, o STAY SCHIZO possui bastante gente estranha e que aceita o desafio masoquista.

Bem, como o título deste post diz, o desafio foi listar os dez melhores álbuns dos anos 00. Foi bastante complicado, pois mais de um terço de todo o meu acervo musical é do terceiro milênio, mas o seria para todo mundo, não é mesmo?

De acordo com o Notepad, foram 77 álbuns pré-selecionados (de todos os que eu tenho aqui), sendo 2009 o ano com o maior número selecionado (19). Disso, destaquei 21 deles e fui chutando um a um, até que apenas dez obras-primas restassem. Foi uma pena descartar álbuns que adoro, como o An Absence Of Empathy, do Frameshift, lançado em 2005, e o In Your Honor, do Foo Fighters, também lançado em 2005, aliás, a imagem que ilustra o início deste post é justamente do clipe de uma música do álbum deles, Best Of You.

Claro que houveram outras exclusões difíceis. Deixar os últimos lançamentos de AC/DC e Kiss, Black Ice e Sonic Boom, respectivamente, assim como os dois álbuns do The Answer (Rise e Everyday Demons) e o último do Massacration, Good Blood Headbanguers (não estou brincando, esse estava na lista pré-selecionada também) foi tenso.

De qualquer forma, até mesmo quem elabora esse tipo de lista acaba não concordando com o que está presente nela nem com a ordem. Fazer o quê. Depois de resmungar e praguejar bastante, cheguei a uma conclusão. Eis o meu TOP10:

01) Dr. Sin - Bravo (2007)
02) Metallica - Death Magnetic (2008)
03) R.E.M. - Accelerate (2008)
04) Megadeth - Endgame (2009)
05) Chickenfoot - Chickenfoot (2009)
06) Them Crooked Vultures - Them Crooked Vultures (2009)
07) Pearl Jam - Backspacer (2009)
08) Helloween - Keeper of the Seven Keys: The Legacy (2005)
09) The Answer - Everyday Demons (2009)
10) Queensrÿche - American Soldier (2009)

Isso mesmo, uma banda brasileira em primeiro lugar. E o combinado com os outros colaboradores do blog foi de postar sobre o primeiro lugar do ranking. Sem mais delongas, hora de falar da obra-prima que é o álbum de 2007 do Doutor Pecado.


Tracklist:


01. Drowning In Sin
02. Nomad
03. Empty World
04. Freedom
05. Behind Enemy Lines
06. Taj Mahal
07. Celebration Song
08. Hail Caesar
09. Signs
10. C´est La Vie
11. Dream Zone
12. Life Is Crazy
13. Full Throttle
14. Wake Up Call
15. Think It Over
16. Welcome To The Show


Logicamente, todas as 16 músicas que compõem Bravo merecem aplausos. O disco já começa com uma excelente faixa, "Drowning in Sin", que possui um ritmo elaborado e quebrado, próximo do prog metal. A letra possui um forte caráter político-social, com alfinetadas a "aqueles que conseguem dormir mesmo enganando os inocentes" ou a "aqueles que vendem a alma e brincam de deus".

A segunda faixa, "Nomad" é outra porrada, que lembra o excelente som do Brutal. "Empty World" é uma balada fantástica, com uma letra depressiva e um piano melancólico ao fundo, junto com um excelente trabalho vocal do Andria Busic.

"Freedom" quebra a tristeza da faixa anterior, trazendo bastante velocidade e peso com a animação pirotécnica característica do Dr. Sin, é a música perfeita para levantar o astral de qualquer um, acompanhada da conhecida guitarra de Edu Ardanuy e todas as suas fritações, uiuiuiuius e bululus do início ao fim.

"No philosophy. No dead ends. We know what you want." são uma das palavras que abrem "Behind Enemy Lies" e seu ritmo pesado e quebrado. Essa é apenas para ouvir a letra e viajar no solo do Edu e logo após isso o Andria solando seu baixo. Além do instrumental, o refrão gruda na cabeça também. Depois vem a curta "Taj Mahal", trazendo a melodia oriental com bastante competência.

"Celebration Song" é outro ponto alto do álbum. Não me considero um grande fã de Led Zeppelin para fazer uma homenagem como essa, mas quem dormiria com o Plant ou o Page adorará essa música, que mistura em sua letra passagens de várias músicas dos deuses dos anos 70 com a qualidade musical do trio paulistano. "Uh, uh, mah-my soul felt like a stairway to heaven..."

"Hail Caesar" é uma das minhas preferidas. Simples, rápida e pesada. É daquelas que você tranca as portas de casa, coloca o volume do som no máximo e canta até ficar rouco. Segura esse baixo! Sem abandonar a sequência impecável, "Signs" traz um dos refrões mais preguentos do disco e, com certeza, está entre as melhores dele. A bateria e os riffs são viciantes, assim como a letra, as escalinhas, o solo... Ai, ai, vamos para a próxima.

Depois de uma sequência dessas, "C'est La Vie" vem para relaxar, sem abaixar o nível do disco. O único defeito mesmo é o aspecto um pouco clichê da letra. "Dream Zone" continua com o clima relaxante e viajado, trazendo uma letra mais psicológica. De volta ao bom e velho Hard Rock, "Life is Crazy" tem os ingredientes para uma música viciante, que vão desde os riffs às batidas e o refrão bastante grudento.

E lá vem "Full Throttle". "We're talking fucking Rock 'n' Roll, yeah!". Isso sim é música de homem. Rápida, pesada e grudenta. Falei pouco dessa beleza? Além do ritmo agitado e das motocicletas ao fundo, Edu mostra todo o seu virtuosismo num show épico de fritação de guitarra. Uma das melhores do álbum, com toda certeza.

As duas próximas faixas são bastante interessantes, assim como suas respectivas participações especiais. "Wake Up Call" conta com a gaita de fole de Orlan Charles acompanhando diversos momentos da música, que realmente pedia sua participação. Você já ouviu falar de Edson & Hudson? Adivinhe quem participa da próxima faixa e última balada do álbum, "Think It Over": o próprio Hudson, que mostra que não entende apenas de sertanejo, com um solo de deixar muitos boquiabertos. Além disso, a letra é simples, mas muito bonita. Outra participação ao longo das músicas do disco é a do tecladista Rodrigo Simão, também crucial para a qualidade de cada faixa.

E, por fim, temos mais uma música contagiante. "Welcome To The Show" possui uma letra que lembra "Jump", do Van Halen, com seus "levante as mãos", "quero ver você gritar", e por aí vai. Uma boa música para encerrar o melhor álbum dos caras. Bravo!