domingo, 23 de junho de 2013

Morando com o inimigo

Pra você que partilha da minha experiência de morar com alguém que você não gosta: parabéns. Você vai sair daí com, no mínimo, nervos de aço.


Em meados de janeiro de 2012, minha mãe se mudou pra Recife, pra ficar mais perto da família toda, por uns problemas que ela tinha aqui, e pra passar mais tempo com meu avô, que veio a falecer uns meses depois disso. Logo, por causa da universidade, dos meus amigos aqui, e simplesmente por gostar da cidade, resolvi ficar. Quando meu irmão resolveu ficar pelos mesmos motivos minha vontade de ficar dobrou, porque eu não ia deixar ele aqui sozinho. Com isso, viemos morar no apartamento do meu pai, com a esposa dele.


No começo até que tava mais de boa, já que tava naquela fase de ‘aceitação’ e de todo mundo se acostumando com nossa presença aqui. Nesse tempo eu percebi que minha amizade com ele cresceu bastante, já que aqui a gente passava quase o dia inteiro sozinhos em casa. Nesse tempo todo eu meio que já pensava se nosso jeito de vida ia dar certo com o do meu pai e o do resto do povo aqui (a família da esposa dele mora no apartamento do lado), e nunca tive tanta certeza que nunca vai dar certo como venho tendo ultimamente.


Deixar um prato do almoço na pia, e só lavar na janta? Motivo de 3 dias de briga. Pegar alguma coisa na geladeira sem avisar? Bronca. Essa semana só porque meu pai falou que ia comprar uma roupa pra mim, ela deu chilique aqui. E por incrível que pareça, meu maior problema não é ela. É ele. Sério: eu falo com ele do mesmo jeito que falo com todo mundo. Falo do mesmo jeito até com meus professores. Amigos que com certeza reclamariam comigo se eu os destratasse de alguma maneira. E até hoje, só ele parou pra me dizer que a educação que ele tinha me dado foi toda jogada fora, e que eu era tão ignorante quanto um cavalo.


No começo desse ano, meu irmão também resolveu ir pra Recife, pra morar com nossa mãe. A única pessoa que mantinha um pouco da minha sanidade inteira dentro dessa casa, foi embora. Nos últimos meses todo mundo aqui tem se superado em termos de brigas. A coisa tá tanta, que sabem quando você tá naqueles lugares que parece que o lugar em si faz força pra te botar pra fora? Desde que eu vim morar aqui, não passo um mês sem ficar doente com alguma coisa. Quando morava com minha mãe eu não pegava nem gripe. Resumindo: tou sem dinheiro, sem família por perto, e (quase) sem saúde.


Alguém me segure antes que eu me mate.


Minha mãe tá com planos de se mudar pra outra cidade com meu irmão em 2014. Se a situação não melhorar daqui pra lá (o melhorar seria eu ir morar sozinho e arrumar uma fonte de renda bacana), vão ter que arranjar espaço pra mais um.

domingo, 9 de junho de 2013

Meh.

Um indivíduo que possui transtorno bipolar vai possuir três estados de humor típicos: Depressivo, eufórico e eutímico. Sendo os dois primeiros aquilo que se espera de um depressivo/maníaco e o terceiro o estado “normal”. Escrevo isso aqui como um eutímico.

Gostaria muito de escrever sobre assuntos diversos como fazia antigamente, ou mesmo de estar dormindo agora, nessa madrugada de domingo, mas escrevo para... desabafar.
Estranho saber que vivo assim, se não estou pensando no transtorno eu estou pensando em como seria mais feliz sem ele.  Quando era pequeno eu achava que ser bipolar era algo divertido, diferentes personalidades e isso e aquilo, imaginava algo cômico, me enganei.

Escrevo bastante sobre esse assunto, pois como disse, só tenho pensando nisso.
Minha vida sempre foi estranha, sempre me vi como uma sombra das outras pessoas, tentava ser igual aos outros, brincar e ser criança, mas eu tinha medo, não conseguia. Passei a escutar que eu era diferente, estranho ou algum outro termo pejorativo, e da mesma forma comecei a adotar que eu era estranho pois pessoas normais eram chatas. Esse medo me isolava dos outros e me impedia de criar amizades.

No fundo nunca quis ser diferente, queria ser normal como os outros, queria não ter medo de coisas idiotas e nem aquela flutuação de humor estranha quando era jovem. Eu tinha medo de sair de casa, receio de encontrar outros que me machucassem como aquele que iniciou isso tudo. Eu me isolei de todo mundo. Amigos não passavam de uma coisa efêmera que eventualmente iriam me deixar/serem deixados de lado, não me importava com isso.

Os sintomas começaram, a persona transtornada finalmente marcava minha mente como uma cicatriz. Tudo fazia mais sentido que antes. Achava que podia me controlar e viver normalmente com isso.
Um dos primeiros passos é a aceitação, tenho isso bem firme no meu pensamento... mas como aceitar? Minha infância foi marcada, não conseguia me divertir ou ser feliz como uma criança devia ser, meu presente é basicamento a busca por um estado eutímico, um esforço para manter um tratamento repleto de efeitos adversos que possam me deixar o mínimo “normal”... Meu futuro? O cérebro de um portador do transtorno não é o mais saudável e nem o mais “duradouro”. Se olho pra trás eu relembro de coisas que não quero, se olho pro hoje eu me desespero e o futuro me assusta.

Outra questão é que passei tanto tempo tendo flutuações de humor e passando grande parte dos últimos anos em depressão que eu realmente perdi amor a minha própria vida, faz parte não é? Esse transtorno é conhecido por causar aumento nas taxas de suicídio. Nunca tentei, mas tenho vontade numa base quase que semanal. Mesmo hoje, pensando de forma “eutímica” eu ainda não fui capaz de recuperar essa vontade de viver, tudo parece tão sem sentido, uma busca por algo que nunca vou alcançar. Talvez seja por isso que passei a procurar tanto um outro alguém que viesse a ocupar meus pensamentos, talvez possa esquecer um pouco de mim mesmo.


Eu estou preso nisso, não consigo não pensar nessas coisas ou em outras, dia após dia eu sinto que estou afundando cada vez mais, que sou incapaz de viver normalmente ou algo do tipo. Eu tenho medo, me sinto perdido e/ou em desespero em grande parte das vezes, sem saber o que fazer, o que falar e o que ser. Ainda assim coloco um sorriso no rosto e respondo que está tudo bem comigo, afinal, esse é um fardo que apenas eu tenho que carregar, mesmo que não tenha a força pra isso.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

The mighty holy weapon of chaos: Facebook.


Nos últimos tempos tenho reparado em algo muito comum a todos nós que utilizamos o facebook diariamente, ele tem mais heróis que o universo DC e Marvel juntos.

Seja o revolucionário de quarto, o ateu protestante (?), o super aluno da usp que quer mudar o mundo ou a super feminista. Todos lutam por um único ideal, livrar você, pobre mortal que quer utilizar o facebook apenas para stalkear ver o que seus coleguinhas estão fazendo, de ser alvo de conspirações de quarto/nacionais/mundiais/internacionais/universais do reino de deus.

No começo é algo interessante perceber que as pessoas tentam buscar linhas de raciocínio lógicos, e as vezes até conseguem, mas infelizmente, grandes poderes sobem a cabeça.

Um filme mostrou uma criança brincando com boneca? O CAPITALISMO ESTÁ AGINDO, uma mulher tropeçou e um homem ajudou ela a se levantar num filme de romance? MACHISMO, MACHISMO EM TODO LUGAR; Um filme infantíl envolvendo leões? APOLOGIA AO SISTEMA DE HIERARQUIA. Os exemplos são muitos, os exageros são maiores ainda.


Não vou negar que estereótipos existem e que filmes assim tenham “segundas intenções”, mas é realmente necessário ir longe demais em uma cruzada contra coisas desse tipo? Digo, postar no seu mural “globo hurp durp di do” não vai fazer ela parar de exibir coisas que sejam atrativos para o público geral, a disney não vai parar de criar super produções de ótima qualidade apenas porquê alguém com mania de perseguição acha que o filme vai fazer mal para as criancinhas do nosso mundo. E pode acreditar, os pastores também não vão mover um único dedo (a não ser para pegar mais dízimo) e os políticos dão risada da sua revolta


O ponto que quero chegar é mais uma dúvida do que uma afirmação, queridos internautas que lerão esse post (olá schizo), vale a pena transformar uma ferramenta voltada para o social (PS4 Facebook) em uma arma que atira protestos, e apenas isso? Vocês estão salvando ou ao menos chegando perto de salvar as criancinhas de se tornarem reis cruéis, ou de modificar os sistemas que mantém nosso mundo rodando (não estou implicando que tal é certo ou errado)?