sábado, 23 de abril de 2011

Um dia de aula em São Paulo

Em uma cidade existem diferentes realidades, quanto maior a cidade, mais acentuadas serão as realidades encontradas nelas, mas como assim?

Vamos pegar a cidade de São Paulo (onde eu vivo), porém isso pode ser aplicado a qualquer outra, e aqui podemos encontrar a realidade do desempregado, do empregado, do pobre, do rico, e a realidade na qual eu entro, a do estudante desempregado. Todas essas tem seus prós e contras, altos e baixos e determinadas formas de ser e até compartilham alguma coisa.

Focando no meu cotidiano de estudante desempregado (compartilhado por muitas pessoas), eu vou contar pra vocês um dia de aula em são paulo (um dia RUIM).

Obs.: Os eventos a seguir, alguns, aconteceram em dias separados, mas mesmo assim dá pra sentir o drama.

Eu, por não trabalhar, acordo meio-dia e logo vou apreciar um delicioso almoço vendo o jornal e pra minha sorte a previsão é de que o dia não seja chuvoso e, se chover, será uma garoa. O dia se passa e me preparo pra sair, ao olhar pela janela vejo um dia nublado e só.

Sem previsão de chuva, logo, não preciso levar o guarda-chuva (ocupa espaço) e sigo para o terminal de ônibus quando, no meio do caminho entre o terminal e minha casa, começa a garoar... ótimo, esperava algo assim. Dois minutos depois parece que alguma entidade resolveu brincar de foder com a vida dos outros e começa a cair uma puta tempestade, preciso fugir da tempestade e pra isso mudo meu caminho e paro num ponto de ônibus que passa o ônibus que preciso pegar e, finalmente, estou a salvo da chuva... opa, começou a ventar e continuo me molhando igual e o ônibus se atrasa.

Todo molhado e após anos no ponto o maldito ônibus chega e eu subo nele, infelizmente tem mais pessoas nele que água em mim. Sigo pro fundo do ônibus e após alguns pontos consigo me sentar na janela e, como se eu fosse um messias, abro a janela e as pessoas conseguem respirar de novo, por algum motivo as pessoas preferem morrer sem ar do que se molhar com algumas gotas. Chuva está fraca, abro mais a janela... que trânsito é esse? Nunca tem trânsito assim aqui. A chuva parou e consigo finalmente por a cabeça pra fora pra tentar ver o que diabos está acontecendo, porém, sem sucesso... depois de mais alguns anos e com o ônibus com menos pessoas (todos resolveram ir andando), ele começa a andar e passar do lado de um rio, e eu tinha quase certeza de que a rua ficava alí.

Chego na estação de metrô (barra funda) e, como eu me atrasei por causa do alagamento, estou na famosa hora de pico onde a plataforma está cheia e o metrô passa um sim dois não. Anos esperando até eu conseguir chegar perto da porta do metrô e é nesse momento em que você desiste de controlar seu corpo e espera o próximo metrô parar, e quando ele para... ok, para exemplificar, imagina centenas de pessoas com superforça (os famosos pedreiros) te empurrando agressivamente como se a vida deles dependessem disso e onde cabem umas 50 pessoas passa a caber 100. O tormento do empurra empurra continua até você descer e pra descer tem que se dirigir pra porta três estações antes e sair empurrando todo mundo. Isso quando dois manos ou dois velhos não resolvem brigar porquê algum terrível malfeitor esbarrou nele.

Chego na estação que quero descer, e tudo que vejo é uma garoa fina, ótimo, começo a ter sorte! Meio caminho da estação pra faculdade a entidade resolve foder com todo mundo de novo e cai uma puta tempestade, usando o meu encéfalo desenvolvido eu penso em parar embaixo de um toldo e esperar a chuva passar. A chuva piora. E então aquela água que escorre do lado da guia da calçada começa a subir e subir e subir e subir e eu já começo a me ver sendo filmado pela globo sendo resgatado por um bombeiro. Felizmente eu pago todos meus pecados e a tempestade vira uma garoa e a corredeira, após empurrar alguns carros, fica fraca e eu volto a seguir pra faculdade. Na rua da faculdade, a alguns passos de chegar em terra firme e seca, vejo mais um ponto de alagamento e tenho que dar uma volta enorme pra chegar lá. Quando chego, parece que choveu mais dentro da faculdade que fora.

Ok, nada pode dar mais errado do que já deu... acaba a luz... mas isso é bom! A luz volta na hora de começar a aula e temos a aula super divertida do dia. Ao final do turno a tempestade volta pior que antes e a única rua de saída da faculdade está alagada, eu saio as 22:55, nesse dia eu saí 23:30, tudo pra esperar a água abaixar E ainda dependendo do micro ônibus pra passar por algumas ruas que ainda estão alagadas.

Pego metrô, pego ônibus, mais uma hora de viagem pra chegar em casa, vivo, e me sentindo um guerreiro por ter sobrevivido a mais um dia. Agora imagine quem mora mais longe que eu? Quem estuda e trabalha? Quem mora longe, estuda e trabalha? Eu não sei eles, mas eu sofro.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Infinitas possibilidades

A vida é feita de escolhas, entre uma coisa ou outra e cada um desses caminhos que resolvermos seguir, ditarão nosso futuro, inclusive as escolhas mais banais. Esquerda ou direita? Ir ou ficar? Fazer ou não fazer? ...

Algumas vez você já se pegou imaginando como seria a sua vida se ao invés de ficar em casa você tivesse saído? Das milhões de possibilidades que existem nesse universo, que nos cercam a todos instantes e todos minutos, apenas uma foi aceita para ser usada como realidade. Se pensarmos que hoje vivemos num mundo automatizado, onde nossas escolhas são feitas de forma automática, ou pior ainda, os outros as fazem por nós, nos permite pensar em quantas decisões nós fazemos dia a dia sem pensar bem sobre isso e quantos mundos diferentes de possibilidade nós ignoramos?

E se eu tivesse ido pra esquerda ao invés da direita? Quantas pessoas novas eu iria conhecer? O que ia acontecer? eu estaria vivo? Dos acontecimentos possíveis, quais outras decisões eu teria que fazer? O que elas iriam desencadear? Uma hora ou outra essa decisão vai afetar outra pessoa e essa afeta outra e outra e outra... até voltar para nós mesmo. É interessante pensar dessa forma mesmo que isso criasse um ciclo vicioso.

Se eu fizer uma escolha, o que vai acontecer depois? E se nós tivessemos como saber, não o futuro, mas quais caminhos a opção A vai criar, a B, a C... e assim por diante? Quantos erros poderiam ser evitados? A ideia de enxergar seu próximo passo e seus efeitos é bem tentadora, eu mesmo não hesitaria em saber, mas será que vale a pena?

Como eu disse, aprendemos a viver com uma visão automática das coisas e por causa disso não conseguimos perceber as diversas realidades que podemos criar com uma simples decisão.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Viagens no Tempo - Parte II - Grandfather Paradox


Grandfather Paradox - O Paradoxo do Avô

Bem-vindos a minha segunda postagem sobre os estudos do tempo! Hahaha. Enfim, eu prometi que ia falar sobre o Paradoxo do Avô no meu primeiro post sobre o assunto, e aqui vamos nós.

“Time travel is impossible as exemplified by the famous grandfather paradox. Imagine you build a time machine. It is possible for you to travel back in time, meet your grandfather before he produces any children (i.e. your father/mother) and kill him. Thus, you would not have been born and the time machine would not have been built, a paradox.”
http://abyss.uoregon.edu/~js/glossary/grandfather_paradox.html

O texto acima diz o seguinte:

“Viagens no tempo são impossíveis (no sentido presente - passado) como exemplificado pelo Paradoxo do Avô. Imagine que você construa uma máquina do tempo, encontre com seu avô antes que ele tenha produzido qualquer filho (por exemplo, seu pai/sua mãe) e resolve então matá-lo. Você não poderia ter nascido e a máquina do tempo jamais poderia ter sido construída. Ou seja, um paradoxo.

Esse paradoxo é tido como o mais poderoso argumento contra as viagens no tempo. Mas mesmo assim, algumas teorias para tentar soluciona-lo são bastante conhecidas, sejam em ficções ou teorias.

A teoria do destino - a consistência

Essa teoria vai de encontro com a noção básica de livre arbitro, pois é baseada na predestinação de todos os acontecimentos. De acordo com ela, ninguém jamais poderia fazer nada para evitar que a viagem ao passado que ocorreu fosse impossível, pois a viagem ao passado também é parte da linha do tempo e não poderá ser mudada. Ou seja, se você viajou ao passado é porque era o seu destino viajar ao passado, e você, pelo seu destino, não irá matar o seu avô, seu destino o impede. Método simples e efetivo de acabar com um paradoxo, quase tão bom quanto um “porque Deus quis”, hahaha.


A teoria da não existência (Também conhecida como Bastardo Temporal / Imunidade do viajante temporal)

Na verdade, eu tô misturando algumas teorias e colocando algumas ideias minhas no meio, mas são ideias parecidas que não mudam muito realmente.

Antes de ler isso, esteja preparado pois não há muita base real em nada aqui, apenas algumas teorias que surgiram como tentativa de solucionar o paradoxo.

Pense da seguinte forma, a partir do momento que um viajante temporal sai da sua linha de tempo original para outra, ele estaria saindo do continuum temporal, se tornando para todos os efeitos, uma entidade não pertencente a ele mais. Estaria de fato, imune a quaisquer alterações na linha do tempo, pois, ele não estaria mais no seu ponto de origem para receber as consequencias dos atos que realizasse no passado.


Exemplificando novamente com o mesmo exemplo do Grandfather Paradox

Você viaja para o passado e mata o seu avô antes dele ter o seu pai. Seu pai nunca nasce, consequentemente, você nunca nasce também, ENTRETANTO, o fato de que você está no passado é absoluto, você foi lá e o matou. Toda a linha temporal depois desse fato, seria determinada pelo curso natural da história, ignorando o restante da vida do seu avô, nascimento do seus pais e seu. Quando você retornasse ao seu tempo original, você iria se deparar com uma realidade alterada e adaptada as consequências das suas ações, ou seja, você jamais teria nascido lá, e mesmo assim, estaria lá.

Efetivamente, você seria um Bastardo Temporal, um resquício de uma linha de tempo diferente da que estaria ocorrendo, alterada pelas suas ações na viagem que realizou ao passado.


A teoria dos universos paralelos

Essa é grande e complexa, não sei se vou conseguir explicar de uma forma fácil. Mas vamos lá, tentar é preciso!
Não tenho certeza do que vou dizer aqui, então qualquer besteira que eu falar estará humildemente aberta a correções. =)
Na física quântica, existe a tal da interpretação dos universos multiplos. Como isso funcionaria? Tentando resumir, para cada escolha que é feita, um novo universo com o resultado de ambas as opções seria gerado. “Oh, com que roupa vou pra festa hoje? Vermelho ou verde?” -- Shazam, você acabou de criar dois universos! Aposto que não sabia que tinha tanto poder assim, hein? Um universo onde você foi de vermelho e outro onde você foi de verde.
No caso da viagem ao tempo, nada mais complicado. Você volta ao tempo, mata seu avô, e criou um universo novo onde ele foi assassinato por você. O seu continua lá, do mesmo jeito de sempre, com seu vô velhinho, mas você acabou de assassinar todos os seus descendentes em um outro universo.


Enfim, teorias tem de monte. Essas três ali são só as que chamam mais a minha atenção.
A minha intenção com esses posts é tentar passar essas idéias todas de uma forma simples, sem entrar em muitos detalhes técnicos, pra que possamos fantasiar um pouco mais do que realmente tentar sair em uma viagem dessas.
Leituras sobre o assunto tem de monte, filmes e livros também, e o próximo post da série vai ser um guia sobre filmes e jogos que tratam do assunto! :D