terça-feira, 6 de maio de 2014

Vivendo na França – Parte I (parte 1)


Mesmo de depois de  1 ano morando aqui, meu conhecimento ainda é mínimo, mas maior do que eu tenho do Brasil, pode isso? Mas desde que eu deixei o BR, tenho mais curiosidade em saber a história do país natal, porém preguiça de ler na wikipedia. Quero ler livros e os livros deixei no BR.

Com essa série de posts, vou falar um pouco sobre cidades que visitei, curiosidades e informações aleatórias sobre a França. Nos primeiros meses, as diferenças foram chocantes e eu sempre comparava ao Brasil, então nesse primeiro post vou me concentrar nas comparações. Como  ficou muito grande, dividi em duas partes. E prometo mais imagens nos próximos.

La France


Como no Brasil, generalizações existem, mas cada região tem suas peculiaridades, variando de modo de vida, culinária, comportamento, língua e quantidade de beijos que se dá quando se cumprimenta. Vou falar sobre as regiões nos posts futuros.

Pessoas

O choque cultural é grande. O comportamento brasileiro pro francês ou europeu médio é grosseiro: no modo de falar, agir, se vestir e simplesmente ser. E pra gente, eles são frios e fechados. No BR, pra entrar num estabelecimento ou qualquer canto, só é ir entrando; mas aqui, você tem que esperar as pessoas que estão saindo, saírem primeiro. Demorei pra fazer isso. Outra pequena coisa importante é sempre dizer “bonjour” pra um desconhecido antes de pedir uma informação. Diz-se “bonjour” quando se entra em qualquer canto, aliás. Claro que isso varia de região pra região. Particularmente, visitei mais as regiões do norte; e o norte é diferente do sul. Deve ser o clima. O sul é mais quente, o que deve fazer o povo ser mais aberto, simpático e festivo, como no BR. 


Vida privada aqui é coisa séria, não se pode discriminar gente pela raça, religião ou sexualidade (ver tópico: Preconceito) e quem o faz vai pra cadeia, sendo político ou quem quer que for. É estranho amigos discutirem sobre religião, porque cada um acredita no que quer e cabe a ninguém julgar.

As pessoas aqui são politizadas. Esse ano teve eleições municipais e o mundo ficou chocado porque os eleitores da esquerda se abstiveram, o que levou à derrota dos socialistas em várias cidades; e vitória recorde pro partido ultranacionalista Front National. (ver tópico: Política)

Educação

Aqui não tem escola privada como no Brasil; é tudo pública. O vestibular é chamado baccalauréat, ou simplesmente “bac”, e não é brincadeira de marcar X como no Brasil, não. Todas as respostas de todas as matérias são discursivas. E tem. Prova. Oral.

Pausa.

Gritos.

Não sei pra vocês, mas pra mim é um pesadelo imaginar, porque fui condicionado num sistema totalmente diferente.

Aqui cultura é muito valorizada. Na escola se aprende no mínimo 2 línguas extras, sem contar francês e latim. Eles têm que estudar também todas as igrejas e museus em todas as cidades. E decorar todos os nomes e números de todos os departamentos E suas capitais (falarei sobre departamentos num post futuro).

Preconceito

As regras são meio que diferentes dependendo da região (falo isso porque tem regiões que são mais xenófobicas ou homofóbicas que outras), se você é estrangeiro ou não e se você é do partido fascista ou não. Francês é francês, sendo preto, branco, amarelo ou azul. Os departamentos e territórios ultramarinos são habitados principalmente por negros e os franceses da metrópole (continente) têm o maior orgulho deles, da comida e da música (que parece uma mistura de funk e axé brasileiro). Mas se você é estrangeiro... oh là là! (Mais ou menos, eu particularmente até agora sofri nenhuma grosseria, mas chequei meus privilégios hoje)

Aqui, os problemas de infraestrutura que a gente tanto sofre no Brasil são inexistentes (o que no começo me deu a impressão que a França era um paraíso), mas quanto aos problemas que existem, a elite e políticos de direita culpam os estrangeiros. Não sei muito sobre, mas os ciganos me parecem os mais desamparados.
Políticos (o eleitos; o povo do Front National ainda fala) falando absurdos na TV é praticamente impossível aqui; eles renunciam ou são demitidos por muito menos.

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