Euforia.
Eu, garoto introvertido do campo, mais quieto e calmo que
uma rocha, começo a sentir uma sensação estranha no peito que sobe do peito a
cabeça. Uma vontade de me movimentar, falar com as pessoas e fazer qualquer
outra coisa “animada” domina meu corpo. Começo a andar mais rápido, a falar
mais rápido, um impulso enorme para fazer qualquer coisa que não seja ficar
parado no mesmo lugar, minha mente divaga mais e mais. Começo a rir sem motivo.
Depressão.
Do mesmo jeito que a euforia começa, uma sensação forte no
peito (próxima a uma dor ou angústia muito forte) me domina, não consigo fazer
nada além de dar atenção aquela dor que não é nada mais que fruto da minha
imaginação, minha cabeça fica igual. Ao andar não levanto a cabeça, fico
deprimido demais para se quer olhar no rosto das pessoas e tenho um desejo
enorme de ficar sozinho. Cada momento triste que posso me lembrar começa a
passar voando pela minha cabeça, começo a pensar em duas ou três coisas ao mêsmo
tempo, me causando insônia as vezes. Choro as vezes sem motivo.
A pior parte de ser bipolar não é a crise de euforia,
afinal, é o único momento do dia em que realmente estou animado para mover
todos e o mundo, tudo fica bonito e alegre. A crise de depressão, no entanto, em conjunto
com tudo que disse acima, vem com certos tipos de pensamentos que sempre
abominei e abomino, tudo fica tão deprimente aos meus olhos, minh auto imagem,
as pessoas ao meu redor, minha família... tudo fica tão “meh” e a dor começa a
aumentar gradativamente até chegar em um ponto em que só consigo pensar o quão
bom seria se eu me matasse.
Eu pesquisei por um tempo sobre o TAB (Transtorno Afetivo
Bipolar) para entender melhor sobre essa coisa que eu estava sentindo.
Trabalhos científicos dizem que de todos que sofrem desse transtorno, cerca de
50% apresentam comportamento suicida, e aproximadamente 19%, de fato, se matam
devido a crise de depressão. Alguns trabalhos também dizem que os bipolares
vivem mais ou menos 10 anos a menos que as pessoas normais e deixam de ser
funcionais entre 14 e 15 anos mais cedo. Relacionamentos amorosos tendem a acabar mais rápido devido as alterações de humor. Tudo isso causado por grandes cargas
de estresse que desregularam a liberação de serotonina no cérebro (resumindo).
Sofri certos de tipos de abusos durante a infância que
auxiliaram (nada sexual, algo mais psicológico) e de certa forma não consigo
olhar pra quando era pequeno e ver uma criança feliz, eu sofria o que chamamos
hoje de bullying, não tinha amigos, todos riam da minha cara só deu abrir a
boca (eu tinha/tenho problemas com dicção) e nunca fui de contar com meus pais,
que também tem sua culpa nesse tipo de problema. E hoje eu olho pra trás e percebo que no meu último relacionamento eu mudava muito em pouco tempo, muitas brigas com minha ex namorada era devido as minhas crises de depressões repentinas e sem sentido, hoje eu entendo melhor algumas coisas.
Pesquisei muito e
ouvi tanto “VAI LOGO NO MÉDICO” dos meus amigos que resolvi ir, fui e ele só
confirmou que eu poderia ter TAB, apesar dele
me acompanhar ainda para que ambos tenhamos certeza. O tratamento? Um remédio
com tantos efeitos colaterais que fico assustado.
Esse post é mais porquê eu disse pro Marcelo que iria fazer,
não quero que as pessoas entendam ou sintam pena de mim (oh, que menino
sofredor!), mas vale a informação e uma dica valiosa para todos: Esse
transtorno não se inicia do nada, como disse, requer grandes cargas de estresse,
portando, cuide daqueles seres pequenos (crianças) de quem você tanto gosta,
eles podem estar sofrendo sem falar nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário